quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Noites de Terror (Tobe Hooper's Night Terrors) - 1993



Há muitos anos, mais precisamente lá por 1996, ia eu em uma locadora quando me deparei com a chamativa fita de Noites de Terror, com o esplendoroso monstro com cobras saindo pelas bocas, que a propósito também eram seus olhos, além de anunciar que era do mesmo diretor de Poltergeist e d'A Hora do Pesadelo, - que na época, desinformada, acreditei e logo explico o porquê. É claro que não era permitido uma menina de 10 anos levar para casa a escabrosa fita e nem tive coragem de pedir para o meu pai.

A infame fita e seu monstro diabólico perseguiram minha imaginação por muitos anos, pensando quão bom poderia ser o tal filme. Eis que o mundo dá voltas e a poucos dias meu namorado encontrou o tal VHS em um sebo, e finalmente eu poderia saciar o anseio de longa data. Vi o filme, e aqui estão as minhas percepções.

O filme realmente é um pesadelo, e não no sentido bom que esta palavra se aplicaria quando estamos falando de um filme de terror. Começando com a capa nacional que mencionei anteriormente que traz essa bagunça apelativa, afinal o Poltergeist é do Tobe Hooper, mas A Hora do Pesadelo é do Wes Craven. Não seria necessário mentir, se o negócio era chamar a atenção, usasse que Hooper é o responsável pelo fatídico Massacre da Serra Elétrica, o filme proibido em não sei quantos países. Robert Englund sim, é o astro da Hora do Pesadelo, com seu marcante Freddy Krueger passando suas garras em corpos desnudos de mocinhas inocentes. A parceria de Hooper e Englund não começa e também não termina por aqui, repetindo-se várias vezes, inclusive em um episódio da série Freddy's Nightmares.  

Mas indo direto para as tais Noites de Terror, o filme conta a história, aliás, tenta contar a história. Na verdade o filme não conta história nenhuma. No início, ele te joga na cara um Robert Englund vestido como uma puta velha que seria o Marquês de Sade, preso em um calabouço sendo torturado, numa interpretação desinteressada que tu não chega a conclusão se a tortura é boa ou ruim.



Corta para os tempos atuais, na cidade de Alexandria no Egito, onde um cara reza para agradecer a chegada de sua filha Genie (Zoe Trilling), a protagonista do filme. O filme mostra que a guria ficou seis meses fora e parece que a vida do pai mudou drasticamente, virou um fanático religioso extremamente chato, que todas as vezes que aparece consegue se superar no quesito irritante.
Atenção início do SPOILER, apesar de ser impertinente tu até tenta relevar o pai arqueólogo da guria, pensando que ele vai ter uma grande importância para o filme, como por exemplo salvar a filha. Mas não, ele morre de maneira boba, quando encontra uma velha arca e antes que possa nos revelar o conteúdo, alguém aparece e passa uma faquinha em seu pescoço, assim, sem relevância nenhuma. Um fato que te deixa revoltado por aturá-lo e ele ser tão descartável. Fim do SPOILER.

Genie, a mocinha do filme, tá afim é de zoar pelas ruas egípcias e em um desses passeios é atacada por homens locais, sendo salva por Sabina. A mulher misteriosa é quem lhe apresentará uma vida de excessos e luxúria, além de emprestar um livro do obsceno Marquês de Sade, que neste momento ninguém lembrava que ele também participava do filme.


Enfim, a protagonista conhece Mahmoud, um enigmático cavaleiro do deserto e acaba se relacionando com ele, com direito a uma musiquinha de cine privê e intensos gemidos, apesar de Genie se conservar de boca fechada. - hahaha.

Pausa mais uma vez, para comentar uma das cenas mais desnecessárias que já vi em um filme, não se sabe porquê cargas d'águas, mas exatamente aos 38 minutos de filme, Mahmoud aparece andando a cavalo na beira da praia totalmente pelado, lustro de óleo e pau duro. - hahaha - Todos já vimos muita nudez feminina para atrair público, mas sinceramente não sei no que Hooper tava pensando, ou usando, se a ideia era atrair o público feminino com o belo corpo do rapaz, não creio que deu muito certo.

Talvez durante os 98 minutos de filme há uma ou duas cenas interessantes, quando a protagonista em seus pesadelos confunde realidade e fantasia, em cenas certamente inspiradas na Hora do Pesadelo, tanto, que se um desavisado pegar o filme na parte onde Englund persegue a mocinha no beco escuro com um instrumento bastante afiado, é impossível não associar ao vilão de cara queimada e blusa natalina.



Para continuar a bagunça, Englund aparece nos tempos atuais para matar Genie, mas não se explica se seria o próprio Sade, uma reencarnação, um espírito ou o Freddy Krueger. Há poucas mortes, uma trilha sonora entediante, a maquiagem é tosca, ou seja, nada funciona. 

O filme é uma porcaria desnecessária, sem pé nem cabeça, com um roteiro desconexo e ininteligível. Difícil imaginar como o cara que criou um dos melhores filmes de terror de todos os tempos tenha concebido tamanha barbárie e não adianta citar que certamente ele tinha um baixo orçamento, pois Hooper é o responsável por nos mostrar que não é dinheiro que cria originalidade e boas histórias. 

Na verdade, é impossível não se questionar sobre a competência de Hooper, afinal sua obra é tão oscilante, passando pelo incríveis, já citado Massacre... (1974), Salem's Lot (1979), Pague Para Entrar Reze Para Sair (1981) colocando-o a altura dos grandes mestres do terror. É difícil acreditar ser o mesmo desse Noites de Terror e o chatíssimo Dança da Morte (2005), também com Englund. Sem esquecer Poltergeist (1982), que me parece ter muito mais o dedo do Steven Spielberg.

E o monstro da capa? Aquele bicho tri, que perturbou minha mente ao longo desses anos? Bom, ele não dá as caras no filme. Acredite, não há o bichão! O interessante trabalho de maquiagem e composição não foi aproveitado. Bom, ao menos não neste filme .

Se alguém ainda se interessar, o filme está disponível com legendas na íntegra no youtube, Clicando neste link :)

A capa nacional com todos os seus atrativos:



Ficha técnica:
Sinopse:
Quando decidiu visitar seu pai, no Egito, a jovem americana Eugenie Matteson (Zoe Trilling) não imaginou a terra exótica e misteriosa que iria encontrar. Interessada na literatura do infâme e sádico Marquês de Sade (Robert Englund, de A Hora do Pesadelo), Eugenie acaba se envolvendo em um perigosos jogo de sedução, conduzida por estranhos parceiros a novas experiências de prazer e dor pelo submundo escuro da fascinante cidade de Alexandria, um lugar cheio de surpresas e tentações... que podem destruir sua vida. Um filme sensual e arrepiante do diretor Tobe Hooper.
Título no Brasil: Noites de Terror
Título Original: Tobe Hooper's Night Terrors
País de produção: Estados Unidos / Canadá
Gênero: Terror
Duração: 98 minutos
Direção: Tobe Hooper
Produção: Yoram Globus, Christopher Pearc, Harry Alan Towers
Roteiro: Rom Globus, Daniel Matmor
Elenco:
Robert Englund ... Marquês de Sade / Paul Chevaller
Zoe Trilling ... Genie
Alona Kimhi ... Sabina
Juliano Mer-Khamis ... Mahmoud
Chandra West ... Beth
William Finley ... Dr. Matteson
Irit Sheleg ... Fatima
Niv Cohen ... Chuck
Doron Barbi ... Ali
David Menachem ... Arab Market Hustler
Jonathan Cherchi ... Arab Market Hustler
Howard Ripp ... Harry, Matteson's Assistant
Zachi Noy ... Chuck's Father
Ya'ackov Banai ... Chevalier's Servant
Joel Drori ... Chevalier's Servant