domingo, 2 de março de 2014

Quando Eu Era Vivo - 2014


Que o cinema nacional vem crescendo nos últimos anos não é novidade para ninguém, afinal desde a lei que obriga os cinemas a exibirem uma certa quantidade de filmes nacionais por ano (mesmo não sendo uma nova lei, parece estar sendo mais levada a sério), estamos tendo mais filmes de qualidade que atingem o grande público e o melhor disso tudo é que o cinema de gênero vem pegando carona e surgindo inclusive com maior profissionalismo. 

Quando Eu Era Vivo é um ótimo exemplo de tudo que citei acima, baseado no livro de Lourenço Mutarelli, "A Arte de Produzir Efeito Sem Causa", o filme tem cara de blockbuster, com seus atores famosos, atingindo o circuito comercial e interessantemente cumpre a sua promessa de suspense. Talvez o maior mérito do filme é o da sugestão, você espera que algo esteja escondido nas sombras, cria-se grande expectativa, mas desista, isso não lhe é mostrado.



A verdade é que você fica se perguntando o tempo todo quem está morto e quem está vivo, e não consegue chegar a conclusão nenhuma. É claro que há semelhanças com os filmes de fantasmas estrangeiros, mas com algumas particularidades brasileiras com direito a sal grosso e arruda, e positivamente sem os vultos passando de fundo.

Algumas cenas são muito bem construídas e a fotografia milimetricamente pensada me agradou bastante. O filme basicamente se passa dentro do apartamento dos protagonistas criando um clima claustrofóbico, que condiz com a situação vivida pelo personagens. Sem contar que a trilha sonora contribui muito para a atmosfera inquietante.

E o destaque fica mesmo com o protagonista Marat Descartes, que interpreta o filho pródigo que retorna ao lar. Júnior (Descartes), ao longo do filme vai surtando, tornando-se perturbado de uma maneira tão densa que sua loucura quase se torna palpável, tentando acertar e entender as pendências do passado.


Uma lástima é Antônio Fagundes sendo desperdiçado em uma porção de novelas vazias, sendo que aqui tem a oportunidade de mostrar o bom ator que é. Como pai de Junior, faz tudo que está ao seu alcance para ajudar o transtornado filho, de forma simples, porém convincente. 

Bom, em relação a Sandy, lamentavelmente é meio difícil largar-se do preconceito e ir vê-la sem que o esteriótipo cantora saia de sua cabeça, e infelizmente o filme não contribui para isso, afinal ela interpreta a estudante de música Bruna. Claro que há um porquê da personagem cantar, que enquadra-se muito bem a história do filme, mas Bruna canta tão profissionalmente, num estilo tão "Sandy e Júnior" de ser que incomoda, dando a impressão que foi uma condição ao fazer o filme, interpretar uma cantora e não mostrar o corpo. Pausa para o comentário de fã - você já um viu um horror sem um peitinho se quer? - pois é! Tem cena de banho da Sandy e a única coisa que é mostrada ao espectador é o barulho do chuveiro e uma janela sem nenhuma visão. 

Em resumo, Quando Eu Era Vivo é um bom filme. Um bom suspense, que traz momentos de tensão, com algum terror psicológico pairando no ar. Precisamos que o cinema nacional continue assim e que o fantástico seja cada vez mais levado a sério.
Uma pena é que possa ficar lembrado como "O Filme de terror da Sandy".

Assista o trailer:


Destaque para o satânico boneco do Fofão que aparece de fundo. Sim, ele está te vigiando!



Ficha técnica:
Sinopse: A história de Júnior (Marat Descartes), homem que retorna à casa do pai depois de perder o emprego e a mulher. Sem encontrar espaço no lar que antes também fora o seu, Júnior passa os dias no sofá do velho Sênior (Antônio Fagundes), remoendo a separação, o desemprego e pensando na jovem e sensual Bruna (Sandy Leah), inquilina de um cômodo do apartamento. Após encontrar objetos que remetem ao passado e à sua mãe, já morta, Júnior desenvolve uma obsessão pela história de sua família e entra numa espiral vertiginosa na qual realidade e delírio se confundem.
Título original: Quando Eu Era Vivo
Ano de lançamento: 2014
País de origem: Brasil
Gênero: Drama / Suspese
Duração: 108 minutos
Lançamento: 31 de janeiro de 2014
Direção: Marco Dutra
Produção: Rodrigo Texeira e Rapahael Mesquita
Roteiro: Marco Dutra e Gabriela Amaral Almeida
Elenco:
Antônio Fagundes... Sênior
Marat Descartes... Júnior
Sandy Leah... Bruna
Gilda Nomacce... Miranda
Kiko Bertholini... Pedro
Helena Albergaria... Olga
Rony Koren... Paulinho
Tuna Dwek... Lurdinha
Eduardo Gomes... Zuzu
Lilian Blanc... Enfermeira
Carlos Albergaria... Júnior (Criança)
Marc Libeskind... Pedro (Criança)
Carla Kinzo... Silmara
Caetano Gotardo... Silmar
Lourenço Mutarelli... Donato
Wilhelmina McFadden... Carol

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